Sobre o autor:
Gabriel
García Márquez (Aracataca, 6 de março de 1927) é um escritor, jornalista,
editor, activista e político colombiano. Considerado um dos autores mais
importantes do século 20, foi premiado com o 1972 Prémio Internacional
Neustadt de Literatura de 1982 e o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de
sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi responsável
por criar o realismo mágico na literatura latino-americana. Viajou muito pela
Europa e vive actualmente no México.
O genial escritor colombiano afirmou um
dia que este livro era uma transgressão total da gramática. Com claras
influências (a meu ver) de William Faulkner, Marquez assume um estilo
absolutamente inovador para a época, não usando parágrafos e multiplicando os
narradores, o que dá à leitura um ritmo alucinante, quase impedindo o leitor de
pausar a leitura.
Trata-se de uma obra marcante na literatura
sul americana: um ditador, general sem nome, algures nas Caraíbas governa
mergulhado na ignorância, cultivando o obscurantismo. É, obviamente, uma
caricatura, mas estão ali todos os sinais marcantes dos modernos e antigos
déspotas.
Ler este livro é como caminhar numa
paisagem fantástica, imaginária mas que a todo o momento nos evoca situações
bem reais, sinais de um mundo louco dirigido por generais caducos e dementes;
um mundo real como este em que vivemos.
Imagine-se um palácio de governo
herdeiro do passado colonial algures nas Caraíbas. As vacas e as galinhas, que
o general presidente alimenta e cuida como se esse fosse o mais nobre dos seus
deveres, povoam o palácio, distribuindo pelos aposentos os seus sagrados
dejectos e assomando mesmo às janelas e varandas. A bosta de vaca seca é usada
pelo general para fazer fogueiras que aquecem o palácio.
O general presidente canonizou a mãe por
decreto; só a morte da mãe lhe amoleceu o coração.
Morreu algures entre os 107 e os 232
anos (nunca se soube ao certo). Teve uma terceira dentição, calcula-se que por
volta dos 150 anos de idade. Vendeu o mar aos americanos que o
levaram para o Arizona.
Teve mais de 500 filhos, todos nascidos
aos sete meses de gestação. A um deles nomeou-o general ao nascer.
A mãe afirmou um dia sobre ele: “se
soubesse que o meu filho vinha a ser Presidente da República, tinha-o mandado à
escola.”
O general presidente não pode ser
coração mole. Ele tem de se manter acima de todos os mortais, seguindo à risca
o conselho que alguém lhe dera em jovem: “o coração é o terceiro colhão”.
Embora usufrua de centenas de
concubinas, que possui sempre sem tirar as botas nem a roupa, só uma paixão o
dominou: Manuela Sanchez.
Nunca precisou de ministros para a
governação, com excepção do Ministro da Saúde, seu médico pessoal. Mas nem
mesmo este alguma vez o conseguiu curar de um terrível e descomunal testículo
herniado. Mandou assar o Ministro da Defesa, seu homem de confiança nos
primeiros tempos de governação, servindo-o com um raminho de salsa na boca num
jantar de cerimónia.
Em suma: um livro cheio de humor, um
marco histórico na literatura mundial.
Fonte: http://aminhaestante.blogspot.pt
Título:
O Outono do Patriarca (2002)
Texto:
Gabriel Garcia Márquez
Tamanho:
21x12,5
ISBN:
84 8130 505 7
Páginas:
220
Editora:
Público – Mil Folhas
Preço:
4.50 euros
Recomendado
para maiores de 16 anos (grau de dificuldade)
Nenhum comentário:
Postar um comentário