"Em Obras"
Dentro em breve voltaremos regenerados
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Anatomia dos Mártires - João Tordo
Anatomia dos Mártires - João Tordo
Deixo-vos este pungente excerto que caracteriza a derrocada do que se imaginava um princípio sem fim. Para quem leu o livro, o excerto fala-nos do anti-herói, Afonso o trader.
"Uma confusão tremenda. Basicamente, o teu velho tem razão. Investi dinheiro que não era meu e perdi-o. Mas não o perdi aos poucos: perdi-o todo, absolutamente todo, e quase de uma vez. Radical, não achas? Custei milhões aos investidores e agora isso vai custar muito mais a pessoas que eu não sei quem são nem nunca saberei. Sinceramente, nem quero saber. [...] Não estou arrependido de ter jogado, isso nunca. Sou um jogador, é isso que faço. Não sei fazer outra coisa. A metáfora do casino? É acertadaa como o raio. Foda-se, o teu velho é chanfrado mas diz cada coisa: a verdade é que joguei com o sistema e perdi, não porque a minha mão era fraca mas porque o sistema ruiu."
Quanto a Catarina Eufémia, desafiou a ordem, por querer apenas o essencial, uma exigência muito ténue e directa: Paz, e pão para os meus filhos.
Embora os mártires sejam tomados à força para não desapareceram, por um incontrovável comboio humano de sensações, de ideais, e de crenças como Catarina foi, a sua ambição era prosaíca como milhões de pessoas. Esta camponesa ficou na memória colectiva, e sobrevive como Antígona por ter ido contra a lei obtusa.
A memória dos sublevados, é a maior manifestação existencial e de missão social da esquerda, é isso que faz sobreviver a esquerda.
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