sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Textualidades Vivas

Textualidades Vivas

Poeta, dos bons, e poeta que escreve na mesa de café, é considerado um dos últimos poetas românticos. No final deste texto vão ficar a perceber porquê. E se calhar ficaram desapontados com o romantismo, por passar a conhecer o lado desconhecido do romantismo.

Na sociedade moderna existem demasiadas coisas com que nos preocupemos, demasiada informação para assimilarmos e bastante pouco tempo livre para desfrutarmos. O poeta portuense António Pedro Ribeiro parece não querer acreditar nisso e poderá vir a ser o último poeta romântico português.

Edita com regularidade por editoras que passam despercebidas ao público em geral. António Pedro Ribeiro, é um poeta, que segue a máxima de Rui Reininho, é preciso subir ao povo. O poeta não se considera um autor exclusivamente político. Até porque, na senda de Breton, a política não existe separada da vida. O amor, o sexo, a liberdade e a revolução são todas uma coisa só que as máquinas castradoras do sistema sempre tentaram dividir. Mas, ao fim e ao cabo, felizmente nunca o conseguiram no que respeita a alguns homens e mulheres. Nietzsche fala no espírito livre e em Dionisos e eu acredito. Diz.

Afirma que já fez muitos disparates. Diz que assim evitar apodrecer de tédio ou apodrecido de tédio ou de depressão. Mesmo quando estou a brincar ou com os copos, penso que as pessoas inteligentes entendem que já escolhi o meu lado da barricada. Há quem me ame e quem me odeie. 

Sente-se um “poeta maldito”, como o eram Rimbaud, Baudelaire ou Sade? Afirma.
Mas não se coloca ao nível de Rimbaud, Baudelaire ou Sade. No entanto, tem a certeza que é deles, que vem dessa linha de malditos onde incluo também Blake, Lautreamont, Jim Morrison, Nietzsche, Henry Miller, Bob Dylan, Allen Gingsberg, Péret e tantos outros. Retorque que não nasceu para os empregos das 9 às 5 – dou-me mal neles, a rotina mata-me. Léo Ferré disse que o artista aprende a profissão no inferno. Eu vou lá muitas vezes e gosto, porque o céu, muitas vezes, é uma seca, com todos aos beijinhos, aos abracinhos, aos boatos, aos mexericos, às panelinhas e eu detesto. Serei um poeta maldito, mas isso não significa que não ame a Humanidade, as mulheres bonitas, o sol, as crianças. Esta merda que nos querem impingir é que eu não aceito. De qualquer modo, não sou, não quero ser, o versejador da corte.
Eis o busto de António Pedro Ribeiro, em carne e osso; e em poesia. Para terminar deixo-vos um poema presente o livro Saloon. Que podem conhecer ou adquirir na Vilateca Livraria Galeria.
Madalena

Para a Paula

Deste-me a morada
A meio da tempestade
Vieste por entre os duendes ao lugar a trip

Imaculada
Levaste-me do túmulo
E levaste-me pela mão de Deus
Para fora dos bares e dos artifícios do demo
Das cassetes pirateadas das notícias do templo
Beijaste-me a outra face e amaste-me.





Nenhum comentário:

Postar um comentário