Vieira – Só desisto se for eleito
Manuel João Vieira
Sobre o autor:
Manuel João Vieira nasce em 1960 e 1962. Reencarnação provável do Dr. Oliveira Salazar e de outros (Ramsés II, etc). Frequenta o Liceu Miguel Bombarda. Doutoramento em Ciências Políticas pela Universidade de Badmington. Pós-Graduação em Cretinologia Marítima pela Universidade do Pico, com uma Bolsa da E+po 98. Artista polfórmico: carros esmagados, culinária, vídeo e arte religiosa em paus de fósforos. Muitas vezes inspirado, virtuoso veloz em vários instrumentos, com destaque para o reco-reco, e compositor e vocalista do agrupamento Ena Pá 2000. Poeta consagrado com a edição do volume Lista Telefónica 1969 – Região de Lisboa, Edições Asa de Icarus. Nunca sai de dia. Vive na Roménia.
Parte I – Os verdes anos:
Desde muito cedo, Manuel João Ochoa de Ataíde Salinas Granés Gonçalves Pires y Rodrigues Vieira manifestou uma tendência natural para a liderança.
No berço infantil das mimosas manhã ditava às outras crianças contos de fadas e cariz moralista e patriótico.
Mais tarde, no liceu, organizou um sistema de rifas de grande sucesso, com a ajuda das suas primas (o nome delas não é para aqui chamado), mostrando espírito de iniciativa no parir de uma sociedade de mercado, quando se vivia num período marcadamente bolchevista da nossa História (o governo CDS).
Parte II – Os anos vermelhos:
Consequências próprias da juventude, os radicalismos da moda não foram inférteis na obra política do candidato, tendo elaborado o Livro Vermelho de M. Zé Vieira, numa atmosfera efervescente da vida política nacional (PREC) e participando, parado+almente nas invasões populares de destruição das sedes do seu próprio partido.
Sinopse:
Não podemos olhar o mundo da comédia e da política nacional sem nomear Manuel João Vieira. Ele incorpora as duas temáticas. Não é porém despiciendo observar com atenção o horizonte onde coloca Manuel João Vieira Portugal e os portugueses. Ele afirmou: Portugal é o futuro. E não estamos a falar de grunhidos, bazófias, mas de pensamento crítico e valido. Este livro, não é assim, o que se espera dele à partida: um livro de piadas, insignificante, que nos pede o dízimo da autocomplacência.
Assim, começando por Thoreau – “ o melhor dos governos é governo nenhum”.
A política, segundo o autor, é atrever-se, é dar o passo certo ou errado em direcção à comunidade. É dar-lhe a entender que tem um projecto consensual de a manipular. Porém o que é o político senão um boneco do Homem. E a comunicação social ministra e administra as movimentações da sociedade como um dramaturgo, porém os interesses são meramente económicos e capitalistas. Vivemos numa sociedade de quase totalitarismo mediático. É por isso que a política está morta. Duvido que alguém goste da morte. O mediatismo matou a política, e a democracia.
O político é essencial para alimentar a rotativas dos jornais, uma luta sangrenta entre vários órgãos de informação. A sociedade do escândalo é permanentemente incentivada. Hipocritamente, é cada vez mais o que se mostra do que o que se esconde, é cada vez mais o que se fala e menos o que se esconde clandestinamente. Assim urge às organizações sociais activas na política terem uma vida interna em vácuo. Será possível!? Não estaremos perante uma simbiose imprensa – política indestrutível?
O candidato Vieira não se coloca à esquerda, direita, por frente ou por trás, o candidato Vieira, decide rebentar a bolha, de mais uma especulação.
Manuel João Viera, no livro que vos apresentamos, relata sem enfado uma anti cruzada através de uma candidatura presidencial, sob vários lemas, entre eles o mais conhecido “Só desisto se for eleito”. Conquistou assim o mais alto lugar do melhor entertainer português – o presidente da república – e ao mesmo tempo o menos conveniente.
A título de exemplo, através da fértil criação de personagens fictícias, Manuel João Vieira e os seus Ena Pá 2000, foram censurados pela Rádio Renascença por se dizerem inspirados pelas palestras do Padre Dâmaso. Quem é o Padre Dâmaso. Ninguém, provavelmente, ou apenas uma “personagem tipo”, que a Rádio Renascença acriticamente decide defender. Não houve qualquer escândalo, mas a introdução de elementos ficcionais, que hiperbolizam a hipocrisia mediática e política. Quanto às propostas do escritor, são tão válidas quanto as dos outros políticos, contudo, não é um profissional e apenas toca com mais lirismo no âmago dos assuntos. Anima um país que gosta de se desresponsabilizar de si próprio sempre que tem uma oportunidade. E assim perdemos oportunidades históricas umas atrás das outras.
Já vai longo o artigo, para terminar, Manuel João Vieira, exorta-nos para que cumpramos um desígnio filosófico, que mudemos radicalmente de vida, que passemos a assumir sem tibieza a sacanice de que Jorge de Sena já falava. Façamo-nos à estrada criaturas menos recomendáveis. Somos um país de masturbadores armados em marialvas – diz o autor; reciclados no consumível liberalismo - bem presente na fictícia crise do Estado Social, e da existência de um povo acima das suas possibilidades. A verdadeira doença ou crise é evacuada pela “porta do cavalo”, falamos da crise de fundo, a financeira, e cria-se uma narrativa de crise, para criar novas oportunidades de negócio, com o lombo e dinheiro do povo. A crise em si, é trocada por manchetes e capitulares. Porém é trabalhada sem limites até se tornar numa crise real, descontrolada e de consequências imprevisíveis.
Homem de talento e honestidade, Manuel João Vieira, com a sua coragem é um vencedor, enquanto, que todos os outros, não lhe faltando talento são menos excêntricos, não têm a originalidade de nos deixar perplexos, surpreendidos connosco próprios, e ao mesmo tempo reconciliados, e prontos para viver a vida e não sobreviver.
Espero que comprem o livro, ou que o procurem, pois vale a pena.
Título: Vieira - Só desisto se for eleito (2004)
Texto: Manuel João Vieira
Tamanho: 16x23
ISBN:
Páginas: 272 páginas
Editora: althum.com
Preço: 7.0 euros
Recomendado para maiores de 12 anos (grau de dificuldade)