UMA LUZ DE PAPEL
A proposta desta semana da Vilateca é um pequeno livro de poemas
e prosa poética escrito a várias mãos. Com "Uma Luz de Papel", os leitores
vão conseguir trazer para dentro de si, aquilo que os livros captam, que é
quase tudo. Uma proposta para jovens ou mais velhos.
Em baixo deixo a ficha técnica e posteriormente um poema de
Manuel António Pina.
Disponível na Vilateca por 6 euros. É um objeto confessional e
de coleção.
Ficha Técnica
UMA
LUZ DE PAPEL
VÁRIOS
AUTORES
TEXTO
RENATO ROQUE FOTOGRAFIA ANTÓNIO BARRETO APRESENTAÇÃO
COLECÇÃO
CURTO CIRCUITO DEP. LEGAL 268775/07 15x15CM, CAPA MOLE, 4C 32 PÁGINAS PREÇO
6.60 EUROS
APRESENTAÇÃO
DO LIVRO POR ANTÓNIO BARRETO:
Apesar de ter nascido no Porto, conhecia mal a minha cidade
quando, em 1974, regressei a Portugal. Na verdade, tinha vivido até então em
Vila Real e na Régua, depois em Coimbra, logo a seguir em Genebra, na Suíça. Ao
voltar a Portugal, instalei-me em Lisboa. O meu interesse era, naquela altura,
marcadamente político, por isso só a capital me interessava. Ao tentar refazer
a minha vida em Portugal, um dos primeiros problemas era o da biblioteca. Mau
grado ter acompanhado o movimento editorial português durante o exílio
(assinava uns boletins mensais da Livraria Portugal...), muito me tinha
escapado. E também me faziam falta os clássicos portugueses que, nas mudanças,
haviam desaparecido. Por isso me dirigi a um ou dois alfarrabistas, a fim de me
ajudarem à reconstrução. Um deles foi o Nuno. O meu pai, que vivia em Vila Nova
de Gaia, aconselhou-me a Livraria Académica, que tinha pertencido, em tempos, a
um conhecido dele. Agora, disse-me, está lá um rapaz novo, muito simpático e
muito competente. Segui à letra o sábio conselho. Conheci então o Senhor Nuno
Canavês, que uns anos depois se transformou no Nuno da Académica, para ser
agora, simplesmente, o Nuno. Um amigo. Um conselheiro. Quando vou ao Porto,
quase nunca falho uma visita.(...)
"É então isto um livro,
este, como dizer? murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca,
se abre desemparadamente
como uma boca
que fala com a nossa voz?
É então a isto que chamam "livro",
a este coração (o nosso coração)
dizendo "eu" entre nós e nós?
Manuel António Pina